domingo, 7 de setembro de 2008



Era uma vez milhões e milhões de estrelas no céu. Havia estrelas de todas as cores: brancas, lilazes, azuis, vermelhas, prateadas, douradas. Um certo dia as estrelas pediram a Deus, o Senhor do Universo para virem morar aqui na Terra. Apesar de estranhar o pedido e após muita insistência das estrelas, Deus acabou consentindo. _ Vou mantê-las pequeninas como vocês são vistas e podem descer até a Terra, disse Deus. Conta-se que naquela noite houve uma linda chuva de estrelas. Todas as estrelas do céu cairam na Terra. Algumas foram pegar corrida com os vagalumes, outras se aninharam nos píncaros dos morros e das igrejas, muitas se misturaram aos brinquedos das crianças e a Terra ficou assim maravilhosamente iluminada pelas estrelas do céu. A Terra resplandecia com a visita luminosa dos objetos celestiais. Literalmente, o céu desceu à morada dos homens. E todos estavam felizes. Isso, porém, durou pouco tempo. Depois de alguns dias de diversão na Terra, as estrelas decidiram voltar para o céu. Estavam arrependidas e desanimadas com a nossa realidade e, aos milhares, voaram de volta à sua origem. As estrelas brancas foram as primeiras a chegarem ao céu. Deus vendo-as retornarem, perguntou: _ Por que vocês voltaram? _ É impossível morar na Terra, no meio dos homens, responderam as estrelas. É terrível a realidade humana. Há muitas traições, violências, mortes, perdas, conflitos, depressões, angústias, dificuldades financeiras, amorosas, desamor. _ Eu sabia disso, disse Deus. Lá é assim mesmo. A realidade humana é falível, é imperfeita, está em evolução. Aqui no céu é que é o lugar da perfeição. Aqui tudo é eterno, imutável, sem sofrimento. E todas as estrelas chegaram e repetiram a mesma ladainha de reclamações das vicissitudes humanas. Quando todas se alojaram novamente no céu, Deus fez uma observação: _ Pelas minhas contas está faltando uma estrela. Teria se perdido no caminho? _ Não Senhor, respondeu um anjo. Entre todas as estrela uma resolveu permanecer na Terra, com os homens. Ela descobriu que lá é o seu lugar. _ Que estrela estranha é essa, insistiu Deus, que preferiu as mazelas humanas às delícias do céu? _ Essa estrela, continuou o anjo, era a única que tinha uma cor diferente das outras. _ E qual é a sua cor? Quis saber Deus. _ É uma estrela verde. A estrela verde do sentimento da ESPERANÇA. E quando olharam para a Terra, a estrela verde não era uma só. Havia uma no coração de cada ser humano. A esperança é própria da Terra onde tudo passa, onde tudo é imperfeito, onde tudo fenece. A esperança é a única virtude que o homem tem e que Deus não tem. A humildade de aceitar a vida humana como ela é nos conduz a um processo esperançoso de construção. Alguns sentam e choram as dificuldades, desejando o céu aqui na Terra. Outros sabem que nossa missão é lidar com a realidade, é sermos ativos na resolução dos problemas, é evoluirmos na nossa caminhada. E isso é viver. É próprio do ser humano a esperança ativa. Construir a vida ao invés de sonhar com uma realidade que jamais teremos na Terra: a perfeição.

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Existe muita gente inteligente por ai, mas... foi-se o tempo que isto era o suficiente. Hoje, o que me fascina é a criatividade, é a capacidade de inventar, juntar o nada com coisa nenhuma e disto nascer algo, é saber improvisar, é a sabedoria de "se virar" com os recursos disponiveis no momento. *******************************************************